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MensagemAssunto: A imagem do Segador   A imagem do Segador Icon_minitimeSeg Jan 12, 2009 9:19 pm


A imagem do Segador


- Nós o transportamos o ano passado, foi uma operação e tanto - disse o Sr. Carlin, enquanto subiam a escada. - A remoção teve que ser manual, claro. Não havia outro jeito. Fizemos um seguro contra acidentes, no Lloyd's, antes mesmo de tirá-lo de sua vitrine, na sala de visitas. Era a única firma que o seguraria pela soma que tínhamos em mente.
Spangler nada disse. O homem era um tolo. Johnson Spangler aprendera, havia muito e muito tempo, que a única maneira de lidar com um tolo é ignorá-lo.
- Foi segurado por um quarto de milhão de dólares - prosseguiu o Sr. Carlin, quando chegaram ao patamar do segundo andar. Sua bocacontorceu-se em uma linha meio amarga e meio humorística. - Aliás, o prêmio nos custou um bom dinheiro...
Era um homem de baixa estatura, nào inteiramente gordo, com óculos sem arcos e uma calva amorenada, que brilhava como uma bola de volêi envernizada. Uma armadura, guardando as sombras de mogno do corredor do segundo andar, fitou-os impassivelmente.
Era um longo corredor, e Spangler examinou as paredes e quadros com frio olho clínico. Samuel Claggert comprara em vastas quantidades porém não soubera comprar. Como tantos outros imperadores autodidatas da indústria de fins dos anos 80, no século passado, ele fora pouco mais do que um vasculhador de casa de penhores, mascarand0-se em roupagens de colecionador, um connoisseur de mostruosidades em telas, de coleções vulgares de poesia ou novelas em luxuosas encardenações de couro, bem como de atrozes peças esculpidas, por ele consideradas como Arte.
Naquelas paredes estavam pendurados - engrinaldados, seria o termo correto - imitações de tapetes marroquinos, inúmeros (e sem dúvida anônimas) madonas segurando bebês com halos, enquanto inúmeros anjos pairavam em todos os pontos do fundo, grotescos candelabros em arabescos e um lustre monstruoso, obscenamente enfeitado por uma ninfeta sorrindo despudoradamente.
Sem dúvida, o velho pirata conseguia alguns artigos interessantes; a lei de proporcionalidade assim o exigia. E, se o Museu Particular Memorial Samuel Claggert (visitas com Guia, por hora - Entrada: 1 dólar para Adultos, 50 centavos para Crianças - repugnante) se contituía de lixo gritante em 98 por cento, sempre havia aqueles outros dois por cento, coisas como o longo rifle Coombs acima do fogão, na cozinha, a estranha e pequena câmera obscura na sala e, naturalmente, o...
- O espelho Delver foi removido do andar debaixo após um... um acidente algo infeliz - disse bruscamente o Sr. Carlin, aparentemente motivado pelo fantasmagórico e penetrante retrato de ninguém em particular, na base do segundo lance de escadas - Houve outros - declarações rudes, comentáros maldosos - porém desta vez, foi realmente uma tentativa de destruir o espelho. A mulher, uma Srta. Sandra Bates, chegou com uma pedra no bolso. Por sorte, sua pontaria era ruim e ela só rachou um canto da vitrine. O espelho ficou intacto. Essa Srta. Bates tinha um irmão...
- Não é preciso oferecer-me a visita de um dólar - disse Spangler em voz calma. - Estou a parda história do espelho Delver.
- Fascinante, não é mesmo? - Carlin atirou-lhe um olhar curioso enviezado. - Houve aquela duquesa inglesa em 1709... e o mercador de tapetes da Pensilvânia, em 1746... para não mencionarmos...
- Estou a par da história - repetiu Spangler, na mesma voz tranqüila. - O que me interessa é o acabamento artesanal. Além disso, claro, existe a questão da autenticidade...
- Autenticidade? - o Sr. Carlin deu uma risadinha sufocada, um som seco, como o de ossos espreguiçando-se em um armário debaixo da escada. - Ele foi examinado por peritos, Sr. Spandler.
- O Stradivarius Lemlier também.
- É verdade - disse o Sr. Carlin, com um suspiro - mas nenhum Stradivarius já possuiu o... o efeito perturbador do espelho Delver.
- Sim, nunca - disse Spangler, em sua voz suavemente contida. Agora percebia que era impossível calar Carlin, o velho possuía uma mente perfeitamente sintonizada com a idade. - Nunca. Subiram o terceiro e quarto lance em silêncio. À medida que se aproximavam do teto da desconxa edificação, ficava opressivamente quente nas escuras galerias superiores. Com o calor, chegava um insinuante odor que Spangler conhecia bem, pois passara toda a sua vida adulta trabalhando nele - o cheiro de mostras mortas há muitos anos nos cantos penumbrosos, de decomposição úmida e rastejantes parasitas de madeira por trás do estuque. O cheiro da idade. Era um cheiro comum apenas aos museus e mausoléus. Ele imaginava que o mesmo cheiro podia provir da sepultura de uma jovem virginal, falecida quarenta anos antes.
Ali em cima, as relíquias eram empilhadas a torto e a direito, na profusão de uma verdadeira loja de quinquilharias; o sr. Carlin conduziu Spangler através de um labirinto de esculturas, telas com molduras estilhaçadas, pomposas gaiolas de pássaros dourado-prateadas, o esqueleto desmembrado de uma antiga bicicleta tandem. Levou-o até a parede mais afastada, onde uma escada de mão fora colocada abaixo de um alçapào no forro. Um cadeado enferrujado pendia do alçapão.
Mais para a esquerda, um Adônis de imitação os fitava impiedosamente com opacos olhos sem pupilas. Um braço estava estirado e, do pulso, pendia um cartão amarelo, com os dizeres: ENTRADA ABSOLUTAMENTE PROIBIIDA.
O Sr. Carlin, tirou um molho de chaves do bolso do casaco, selecionou uma das chaves e subiu na escada. Parou noo terceiro degrau, a calva brilhando francamente nas sombras.
- Não gosto desse espelho - comentou. - Aliás, jamais gostei dele. Não gosto de espiar nele. Tenho medo de, um dia olhar e ver... o que o resto deles viu.
- Eles nada viram além de si mesmos - disse Spangler.
O Sr. Carlin começou a falar, parou, balançou a cabeça e remexeu acima dele, dobrando o pescoço para encaixar direito a chave na fechadura.
- Devia ser trocada - murmurou. - Ele está... droga!
A fechadura saltou de repente e o cadeado se soltou. O Sr. Carlin tentou apanhá-lo no ar e quase caiu da escada. Spangle agarrou o cadeado, antes que batesse no chão, depois ergueu os olhos para o homem. O Sr. Carlin agarrava-se tremulamente ao alto da escada, o rosto branco, brilhando na penumbra.
- Isso o deixa nervoso, não é ? - perguntou Spangler, em um tom ligeiramente inquisitivo.
O Sr. Carlin não respondeu. Parecia paralisado.
- Deça - disse Spangler. - Por favor. Antes que caia.
Carlin desceu lentamente, agarrando-se a cada degrau, como um homem engatinhando acima de um abismo sem fundo. Quando seus pés tocaram o chão, começou a gaguejar, dando a impressão de que o piso era percorrido por alguma corrente e que esta o ligara como uma lâmpada elétrica.
- Um quarto de milhão - dizia ele. - Um quarto de milhão de dólares como seguro, para trazer aquela... coisa lá debaixo até aqui! Essa maldita coisa! Tiveram que montar uma forma especial e içá-la com guincho até o espigão do depósito, lá em cima. E eu esperava - quase rezava - para que os dedos de alguém ficassem escorregadios... que a corda não agüentasse... que a coisa despencasse e se estilhaçasse em mil pedaços...
- Fatos - disse Spandler. - O que interessa são fatos, Carlin. Nada de novelas em brochuras baratas, de histórias baratas de tablóides ou de filmes de terror igualmente baratos. Fatos. Número um: John Delver foi um artesão inglês, de descendência normanda, fabricante de espelhos no que chamamos de período elizabetano da história da Inglaterra. Viveu e morreu obscuramente. Sem pentáculos riscados no chão, para a criada apagar, sem documentos cheirando a enxofre, com uma mancha de sangue na linha pontilhada. Número dois: Seus espelhos tornaram-se peças de colecionadores, devido principalmente ao seu fino acabamento artesanal e ao fato de que uma forma de cristal fosse usada com um leve efeito ampliador e distorcido para o olho de quem a segurasse - uma marca registrada bem distintiva. Número três: que saibamos, restam apenas cinco Delver - dois deles na América. Inestimáveis, no tocante a preço. Número quatro: Este Delver e um outro que foi destruído na Blitz de londres, adquiriram uma reputação algo espúria, devido principalmente à falsidade, exagero e coincidência...
- Fato número cinco - disse o Sr. Carlin - você é um arrogante bastardo, não ?
Spangler fitou o Adônis cego, com leve irritação.
- Eu fui o guia no tour do qual fazia parte o irmão de Sandra Bates, quando ele viu seu precioso espelho, Spangler. O rapazinho teria uns dezesseis anos, estava com u grupo de ginásio. Eu ia relatar a história do espelho e acabara de chegar à parte que você apreciaria - enaltecendo seu acabamento perfeito, a perfeição do espelho em si - quando o rapaz levantou a mão. "O que significa aquele borrão preto no canto superior esquerdo ?' perguntou ele. "Parece que houve uma falha."
"Um amigo seu perguntou o que ele queria dizer. Orapaz Bates começou a dizer, depois se calou. Olhou para o espelho com profunda atenção, chegando bem junto da corda de veludoo vermelho, em torno da vitrine que guardava o espelho - então olhou para trás, como se o que houvesse visto fosse o reflexo de alguém - de alguém vestido de preto - de pé ao seu ombro. 'Parecia um homem - disse ele - mas não pude ver seu rosto . Agora desapareceu.' E isso foi tudo.
- Continue - disse Spangler. - Está ardendo de vontade de me dizer que era Morte. o Segador - creio que esta é a explicação comum, não? A de que ocasionais pessoas escolhidas vêem aimagem do Segador no espelho? Ora, esqueça, homem! O National Inquirer adoraria isso! fale-me sobre as horríveis conseqüências e desafie-me a explicá-las. Ele foi atropelado por um carro, mais tarde? Atirou-se de uma janela? O que foi?
O Sr. Carlin deu uma risadinha incrédula.
- Penso que devia saber melhor, Splanger. Não medisse duas vezes que está... hum... a par da história do espelho Delver? Não houve conseqüências horríveis. Nunca tem havido. Daí porque o espelho Delver não aparece nos suplementos dominicais, como o diamante Koh-i-noor ou a maldição da tumba do Rei Tutankamon. Ele é mundano, comparado com o resto. Acha que sou um tolo, não?
- Exatamente - respondeu Spangler. - Podemos subir agora?
- Claro - disse o Sr. Carlin ardoroso.
Subiu a escada e empurrou o alçapão. Houve um ruído "clique-claque" quando ele foi puxado para as sombras por um contrapeso. O Sr. Carlin desapareceu na penumbra. Splanger o seguiu. O Adônis cego olhava cegamente para eles.
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MensagemAssunto: Re: A imagem do Segador   A imagem do Segador Icon_minitimeSeg Jan 12, 2009 9:19 pm

O aposento do espigão era explosivamente quente, iluminado apenas por uma janela de muitos ângulos, coberta de teias de aranha, que filtrava a claridade crua do exterior, transformando-a em suja luminosidade leitosa. O espelho estava inclinado em uma esquina, de frente para a luz, captando a maioria da claridade e refletindo-a em uma faixa perolada, na parede oposta. Havia sido seguramente ajustado em uma moldura de madeira. O Sr. carlin não olhava para ele. Deliberadamente evitava fitá-lo.
- Nem ao menos o protegeu com um pano velho! - exclamou Spangler visivelmente irritado pela primeira vez.
- Eu penso nele como um olho - disse o Sr. Carlin. Sua voz continuava seca, absolutamente vazia.
- Se for deixado aberto, sempre aberto, talvez acabe ficando cego.
Spangler não lhe deu atenção. Tirou o casaco, dobrou cuidadosamente os botões para dentro e, com infinita delicadeza, limpou a poeira da superfície convexa do espelho. Depois recuou e olhou para ele.
Era legítimo. De fato, não havia dúvidas quanto a isso, nunca houvera. tratava-se de um perfeito exemplo do particular gênio de Delver. O recinto amontoado de quinquilharias atrás dele, seu próprio reflexo, a imagem meio virada de Carlin - tudo surgia claro, nítido, quase tridimensional. O ligeiro efeito amplificador do espelho dava a tudo uma qualidadde levemente encurvada, que acrescentava uma distorção quase quadridimensional. Ele era...
Seu fio de pensamentos interrompeu-se e ele sentiu outra onda de raiva.
- Carlin!
Carlin nada disse.
- Carlin, seu maldito tolo, pensei ouvi-lo dizer que a moça não danificara o espelho!
Nenhuma resposta.
Spangler dirigiu-lhe um olhar gélido, atrvés do espelho.
- Há um pedço de fita isolante no canto superior esquerdo. Ela o rachou ? Pelo amor de Deus, homem, diga alguma coisa!
- Você está vendo o Segador - disse Carlin. Sua voz era inexpressiva e sem paixão. -Não há nenhuma fita isolante no espelho. Passe a mão sobre o lugar... oh, Deus!
Spangler enrolou cuidadosamente a parte superior da manga do casaco em torno da mão, esticou o braço e fez uma leve pressão contra o espelho.
- Está vendo ? Não há nada de sobrenatural. Desapareceu. Minha mão cobriu o que havia.
- Cobriu? Pode sentir a fita? Por que não a arranca?
Spangler afastou a mão cautelosamente e olhou para o espelho. Tudo nele parecia um pouco mais distorcido; os estranhos ângulos do aposento davam a impresão de bocejar loucamente, como se prestes a deslizarem para o âmago de alguma eternidade invisível. Não havia nenhuma mancha escura no espelho. Estava imaculada. Spangler percebeu um medo súbito e doentio crescer dentro de si e desprezou-se por sentí-lo.
- Parecia ele, não? - perguntou o Sr. Carlin. Seu rosto estava muito pálido e ele olhava diretamente para o chão. Um músculo saltou espamodicamente em seu pescoço. -Confesse, Spangler. Não parecia uma figura encapuzada, em pé às suas costas?
- Parecia uma fita isolante, tapando uma pequena rachadura - respondeu Spangler, em voz firme. - Nada mais, nada menos...
- O rapaz Bates era muito robusto - disse Carlin rapidamente. Suas palavras pareciam cair na atmosfera quente e imóvel, como pedras atiradas em água escura. - Como um jogador de futebol. Usava um blusão com inicais e calças verde-escuras. Estávamos a meio caminho para a exposição no andar de cima, quando...
- Este calor me faz mal - disse Spangler, em voz pouco firme.
Havia apanhado um lenço e enxugava o pescoço. Seus olhos perscrutaram a superfície convexa do espelho, em leves e abruptos movimentos.
- Quando ele disse que queria um gole d'água... um gole d'água, pelo amor de Deus!-Carlin
se virou e olhou desvairadamente para Spangler. - Como eu podia saber? Como eu podia saber?
- Há algum lavatório por aqui? Acho que vou...
- O blusão dele... apenas tive um vislumbre de seu blusão, quando ele desceu a escada... e então...
-...vomitar!
Carlin abanou a cabeça, como se quisesse arejá-la, e tornou a fitar o chão.
- Claro. Terceira porta à sua esquerda, no segundo andar, tomando a direção da escada. -Ergueu os olhos, suplicante. - Como eu podia saber?
Spangler, no entanto, já começava a descer a escada. Ela balançou sob seu peso e, por um momento, Carlin pensou - esperou - que ele fosse cair. Não caiu. Pela abertura quadrada do piso, Carlin ouviu descer, tapando levemente a boca com uma das mãos.
- Spangler...?
Ele já se fora.
Carlin ouviu as pisadas dissolvendo-se em ecos, depois cessando. Quando deixou de ouví-las, estremeceu violentamente. Tentou mover os pés para o alçapão, mas estavam gelados. Apenas aquele último e apressado vislumbre do blusão do rapaz... Céus!...
Era como se enormes mãos invisíveis lhe puxassem a cabeça, forçando-a a erguer-se. Não querendo espiar, assim mesmo Carlin olhou para as bruxuleantes profundezas do espelho Delver. Nada havia lá.
O aposento se refletia fielmente para ele seus confins empoeirados transformados em difuso infinito. Ocorreu-lhe um trecho quase esquecido de um poema de Tennyson, e ele o recitou, em um murmúrio:
"As sombras deixam-me algo indisposta, disse a Senhora de Shallott..."
E, ainda assim, ele não conseguia desviar os olhos, imobilizado pela quieta atmosfera. Perto de um canto do espelho, uma cabeça de búfalo roída de traças, espiava-o com chatos olhos obsidianos.
O rapaz quisera água e o bebedouro ficava no saguão do primeiro andar. Ele havia descido a escada e...
E nunca mais voltara.
Nunca mais.
Em qualquer lugar.
Como a duquesa, que fizera uma pausa após arrumar-se para uma soirée diante do espelho e voltara ao quarto de vestir para apanhar suas pérolas. Como o mercador de tapetes, que saíra para um passeio de carruagem e deixara para trás apenas uma carruagem vazia e dois cavalos mudos. E o espelho Delver estivera em Nova York de 1897 a 1920, estivera lá, quando o juiz Crater...
Carlin olhava fixamente, como que hipnotizado, para as raras profundezas do espelho. Mais abaixo, o Adônis cego continuava vigilante.
Ele esperou por Spangler, da mesma forma que a família Bates devia ter esperado pelo filho, como o marido da duquesa devia ter esperado que sua esposa voltasse do quarto de vestir. Ficou olhando para o espelho e esperou.
E esperou.
E esperou.
"A Imagem do Segador", retirado do livro "Tripulação de Esqueletos" de Stephen King, 1987, Livraria Francisco Alves, Editora S.A.
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